Quando eu engravidei da Louise, hoje com cinco anos, eu tinha muitas dúvidas, mas uma certeza: minha forma de trabalhar mudaria. Num primeiro momento eu achei que profissionalmente a chegada de um bebê apenas me prejudicaria. É claro que nos primeiros meses é essa sensação que nós e toda sociedade temos. Mas com o passar do tempo percebemos o quanto a maternidade nos traz conhecimentos que podem ser aplicados dentro das organizações.
Melhoramos a nossa forma de planejar. Precisamos exercitar isso muitas vezes, como por exemplo, ao arrumar as malas das crianças para passar o final de semana fora. É necessário aprender a negociar, já que até no momento do banho utilizamos dessa técnica. A administração do tempo é uma das ferramentas que uma mãe mais passa a usar em seu cotidiano. É preciso dar conta de tudo, sem perder a hora e a qualidade nas tarefas.
Quem não tem conhecimento em finanças precisa desenvolver em tempo recorde, porque com a chegada de um bebê os gastos aumentam e muitas vezes a renda diminui. Aquelas que têm mais do que um filho, viram expert em gerenciamento de conflitos e no trabalho em equipe. Tudo isso sem nunca ter frequentado se quer uma aula de recursos humanos. É preciso desenvolver a criatividade, porque nos finais de semana com chuva ela será imprescindível. Tomar decisões sob pressão será um desafio a ser vencido, porque quando as crianças se machucam, é necessário decidir o que fazer de forma rápida e precisa.
Mesmo assim, diante desses benefícios em empregar uma mãe, diversas pesquisas apontam o quanto o mercado de trabalho ainda é discriminatório. O estudo Mulheres e o Mundo Corporativo, publicado pela Robert Half em abril de 2017, aponta que uma em cada quatro mulheres não consegue voltar ao mercado após a gestação. Apenas 53% das mulheres reassumem suas atividades integralmente ao retornar do período da licença-maternidade. Segundo especialistas, é comum que elas tenham menos oportunidades de ascensão profissional depois da maternidade.
Na contramão dessas pesquisas e colocando em prática tudo o que aprendem com a maternidade, muitas mulheres estão empreendendo. Tirando da gaveta sonhos, buscando fazer de seus hobbies uma forma também de ganhar dinheiro, buscando franquias para colocar em suas cidades, fazendo cursos para buscar uma nova profissão ou colocação no mercado de trabalho. Surge assim as mães empreendedoras, que por necessidade ou opção, abrem seu próprio negócio. Enfrentando e mostrando para o mercado de trabalho o poder da maternidade.
Chris Finger é jornalista, mãe da Louise (5) e da Lis (3)
Foto Vivi Tomaz